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DESDE 2008

Na Mostra, foram exibidos equipamentos artesanais usados para produzir derivados da mandioca, a exemplo do tucupi e da farinha / Fotos: Divulgação

Mostra do Museu da Mandioca reúne história, cultura e degustação de comidas típicas do Pará 

A abertura da visitação contou com dezenas de estudantes do ensino fundamental que conheceram a  experiência de comunidade quilombola na região metropolitana de Belém

Sionei Leão / Plano News
25/10/2023

A abertura da Primeira Mostra do Museu da Mandioca, nessa terça-feira (24), teve a marca da degustação de comidas típicas do Pará e acesso a conhecimentos culturais e históricos sobre o cultivo da espécie por comunidade quilombola da região metropolitana de Belém. O evento vai até o dia 27, é gratuito e aberto ao público em geral.

Cerca de 70 alunos de escolas do município de Santa Izabel do Pará, a 45 km de Belém,  visitaram a Mostra montada pela Associação da Comunidade Quilombola de Espírito Santo do Itá. Lá vivem 30 famílias,cujos ancestrais aprenderam o cultivo com os Tembés, índios originários da região.

Estudantes foram convocados pela Secretaria Municipal para conhecer o cultivo e a produção da espécie nativa

Os estudantes foram convocados pela Secretaria Municipal de Educação de Santa Izabel (Semed).para conhecer o cultivo da mandioca por comunidade quilombola e a produção de derivados de uma espécie nativa do Brasil que são bastante consumidos no país e empregados em vários segmentos na indústria nacional e internacional, a exemplo da produção de cosméticos

Exposição será levada a vários locais para expandir conhecimentos sobre a importância da espécie na culinária e na indústria
A hisória comunidade quilombola de Espírito Santo do Utá é uma dos atrativos da Mostra

 

 

Os organizadores disseram que foi entusiasmante perceber que os visitantes puderam absorver conhecimentos sobre  técnicas e equipamentos artesanais que nunca tinham ouvido falar a respeito e descobrir a origem de comidas típicas da gastronomia paraense, a exemplo do tacacá, do pato no tucupi e a maniçoba,

Ao longo do período que permaneceram no local da Mostra, um casarão secular da Prefeitura, eles também puderam provar porções de tucupi e goma, além da tradicional farinha de mandioca. 

 “Foi muito bacana ver os jovens experimentando sabores conforme o costume paraense, que é colocar um pouquinho de farinha na mão e jogar para a boca”, comemorou a professora Sigla Freitas, pedagoga formada pela Universidade da Amazônia (Unama) e idealizadora do Museu, o primeiro do tipo que começa a ser implantado no País;

Sigla relatou à Agência Plano News que muitos dos alunos não tinham até então visitado qualquer museu, o que aumentou a sensação de novidade para eles. 

 

Do tipiti ao tucupi

Outras atrações para os frequentadores foram o manuseio de instrumentos desenvolvidos por indígenas para extrair vários produtos da mandioca. Na Mostra, foram exibidos exemplares de caçuá (cesto de cipó, usado para transportar farinha), cocho (casca de árvore usada para armazenar a massa da mandioca) e tipiti (prensa feia de uma planta chamada guarumã, usada para obtenção do tucupi).

Esses utensílios são fruto de uma tecnologia indígena ancestral, que foi apropriada pelos afrodescendentes escravizados que chegaram à região e deram continuidade a essa cultura de origem indígena.

O projeto é embrionário, pois falta muito para se constituir um verdadeiro museu, a ser instalado na própria área quilombola de Espírito Santo do Utá. “Temos o espaço, o que ajuda a conseguir apoio, até porque pretendemos futuramente levar essa Mostra para vários locais”, apontou. 

 

Rainhas e princesas são eleitas durante o Festival da Mandioca

Outra meta, acrescentou Sigla, é coletar relatos de moradores sobre toda essa tradição culinária, como receitas. Importante ressaltar nesse caso a contribuição dos quilombolas, com destaque para a comunidade de Espírito Santo do Itá, que voltou a realizar em maio deste ano o Festival da Mandioca, com a apresentação de pratos típicos e danças regionais, como o carimbó. Tudo junto e misturado para valorizar a produção quilombola.