Pará tem maioria católica, mas número de evangélicos disparou em 12 anos
Belém repete o cenário paraense e houve aumento de praticantes da Umbanda e do Candomblé. Dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística como resultados preliminares do Censo 2022
domingo, 08/06/2025, 08:25
Apesar de uma queda de 6,77 pontos percentuais na comparação com o Censo de 2010, o estado do Pará tem 3,77 milhões de praticantes do catolicismo, de acordo com o Censo 2022, o que equivale a 54,35% da população – o maior percentual da região Norte. Por outro lado, o crescimento de 9,02 p.p. no quantitativo de evangélicos coloca o estado no sexto maior grupo seguidor da religião do país. Apenas 7% dos paraenses se autodeclaram não seguidores de nenhum tipo de religião.
Os dados foram divulgados ontem, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como resultados preliminares da amostra do Censo Demográfico 2022 sobre o tema, considerando pessoas a partir de dez anos de idade. “Em comparação ao Censo 2010, quando os católicos representavam 61,12% das pessoas com dez anos ou mais a proporção era maior. E entre os evangélicos há um crescimento, eles passaram de 26,25% para 35,02%, e com isso o Pará foi o terceiro estado com maior crescimento proporcional desses religiosos no período”, explica Luiz Cláudio Martins, analista do IBGE.
No cenário nacional, a religião católica manteve-se como o maior grupo religioso, com 56,75% da população (100,2 milhões de pessoas). No Norte, porém, esse percentual foi inferior à média nacional, atingindo 50,48% (7,3 milhões de pessoas), o menor entre as grandes regiões.
Já os evangélicos representavam 26,85% da população brasileira (47,4 milhões de pessoas). Na região Norte, o percentual chegou a 36,79% (5,3 milhões), o maior entre todas as regiões. No Pará, os evangélicos somavam 35,27% da população (2,4 milhões), o sexto maior percentual do Brasil – o estado já havia registrado 26,25% de evangélicos em 2010, o que indica um avanço de 9,02 pontos percentuais em doze anos.
CRESCIMENTO

O Pará foi o terceiro estado onde mais teve crescimento proporcional dos evangélicos ficando atrás de Acre (11,8 p.p) e Amapá (9,25 pp.). Entre os sete estados com os maiores percentuais de evangélicos no país, seis estão na região Norte: Acre (44,38%), Rondônia (41,08%), Amazonas (39,37%), Amapá (36,37%), Pará (35,37%) e Roraima (34,35%).
No Pará, 0,37% da população (25,3 mil) se declararam espíritas em 2022, o terceiro menor percentual entre as unidades da federação. Em 2010, esse percentual era de 2,16% no país, 0,54% no Norte e 0,5% no Pará. No Brasil, a doutrina tinha a adesão de 1,84% da população (3,2 milhões de pessoas). Na região Norte, o percentual foi de apenas 0,43% (62 mil pessoas), o menor entre as regiões.
Já as pessoas que declararam não ter religião correspondiam a 9,28% da população brasileira (16,3 milhões). No Norte, a proporção foi de 8,19% (1,1 milhão), o segundo menor índice entre as regiões. No Pará, o percentual de pessoas sem religião ficou em 7,06% (481 mil). “Também o segundo menor da região Norte, atrás apenas do Tocantins (6,45%), e o oitavo menor entre todos os estados brasileiros. O número pouco variou em relação ao Censo de 2010, quando o estado registrava 6,96% de pessoas sem religião”.
Em Belém, o catolicismo permaneceu como o grupo religioso com maior número de adeptos em 2022, embora tenha apresentado queda de 7,5 pontos percentuais em relação a 2010: passou de 62,76% para 55,25% da população. A proporção de evangélicos cresceu no mesmo período, passando de 27,78% para 33,43%. O percentual de pessoas sem religião apresentou leve alta, saindo de 5,32% em 2010 para 5,72% em 2022. Já a religião espírita teve uma pequena redução, passando de 1,64% para 1,27% no período.
SAIBA MAIS
Marajó
l Nos municípios do Marajó, o catolicismo segue como religião predominante na maioria das localidades. Os maiores percentuais foram registrados em Gurupá (72,70%), Afuá (71,94%) e Muaná (63,73%). Por outro lado, os menores índices de católicos foram observados em Bagre (39,70%), Melgaço (44,84%) e São Sebastião da Boa Vista (49,14%). Apesar do predomínio católico, Bagre e Melgaço se destacaram por apresentarem uma proporção maior de evangélicos do que de católicos, com 53,38% e 45,88%, respectivamente. Além desses, Anajás também apresentou elevado percentual de evangélicos (45,43%). Os menores percentuais desse grupo foram registrados em Afuá (24,02%), Gurupá (24,87%) e Soure (27,11%).
A presença de espíritas no Marajó foi mais significativa em Salvaterra (0,14%). A prática de Umbanda e Candomblé teve maior expressão em Soure, com 0,55% da população. O município também se destacou pelo maior percentual de pessoas que declararam seguir outras religiosidades (8,07%). Entre os que se declararam sem religião, os maiores percentuais foram registrados em Melgaço (8,82%), Portel (6,88%) e Salvaterra (6,24%).
Santarém
l Em Santarém, oeste do Pará, o catolicismo também manteve a posição de grupo religioso majoritário em 2022, embora com queda em relação a 2010: passou de 68,55% para 61,40%. Os evangélicos, por sua vez, cresceram de 25,08% para 30,28% no mesmo período. A proporção de pessoas sem religião também teve leve aumento, subindo de 4,01% em 2010 para 4,82% em 2022. Já o grupo de outras religiosidades passou de 2,15% para 2,84%, enquanto os espíritas representavam 0,31% da população em 2022, frente aos 0,13% registrados em 2010. Os praticantes de Umbanda e Candomblé também cresceram numericamente, ainda que em patamar reduzido, passando de 0,03% para 0,19% no período analisado.
Religiões de matriz africana
l A prática de Umbanda e Candomblé apresentou crescimento na região Norte entre 2010 e 2022. O percentual de pessoas de 10 anos ou mais de idade que se declarou adepta dessas religiões passou de 0,06% (7.914 pessoas) para 0,30% (43.997 pessoas). No Pará, esse avanço foi semelhante, saltando de 0,08% em 2010 (4.623 pessoas) para 0,32% em 2022 (21.970 pessoas). Entre os municípios paraenses, os maiores percentuais foram registrados em Santa Izabel do Pará (0,98%), Belém (0,81%) e Marituba (0,80%).
Em relação ao nível de instrução, os adeptos de Umbanda e Candomblé apresentaram diversidade nos perfis educacionais: 26% não tinham instrução ou tinham ensino fundamental incompleto, 14% possuíam ensino médio incompleto, enquanto 35% tinham o ensino médio completo ou superior incompleto e 25% tinham ensino superior completo. Quanto à cor ou raça, a maioria se declarou parda (54,5%), seguida por pretos (21,6%) e brancos (23%) — o que indica que 76,1% dos praticantes dessas religiões no estado se autodeclararam pretos ou pardos.
Analfabetismo
l As tradições indígenas e os católicos apresentaram as maiores taxas de analfabetismo entre as pessoas com 15 anos ou mais de idade no estado: 29,5% e 9,2%, respectivamente. Entre as pessoas sem religião, a taxa foi de 8%, enquanto no grupo de evangélicos, foi de 7,8%. Os praticantes de Umbanda e Candomblé registraram 4,7%, os de outra religiosidade,4,2%, e entre os espíritas o percentual ficou em 0,7%.
Cidades
80,3%
Entre os municípios paraenses, a maior proporção de católicos foi registrada em Santa Luzia do Pará (80,3%), e a menor em Cumaru do Norte (36,3%). Em relação aos evangélicos, a maior proporção foi registrada em Bagre (53,4%), e a menor em Santa Luzia do Pará (18,1%). Já a maior proporção de espíritas foi observada em Belém (1,27%), enquanto a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi registrada em Santa Izabel do Pará (0,98%).
19,1%
Cumaru do Norte tinha, em 2022, a maior proporção de pessoas sem religião (19,1%). Eldorado dos Carajás tinha a maior proporção de pessoas de outras religiosidades (9,9%)e Jacareacanga tinha o maior percentual de adeptos de tradições indígenas (2,2%),
Saiba mais
Bar de Belém distribui cerveja grátis para celebrar tornozeleira de Bolsonaro
Pablo Marçal pede que justiça proíba exibição de programa do SBT
Bar de Belém promete chope grátis se Bolsonaro for preso