Nesta segunda, dia 31 de julho, se comemora o Dia do Orgasmo. Por fatores sociais, culturais e psicológicos, muitas mulheres ainda reprimem seus desejos para conseguirem “chegar lá”. Reflita e veja como resolver isto!
segunda-feira, 31/07/2023, 09:48
– Atualizado 31/07/2023, 10:10
-Autor:Reportagem de Andreza Alves (especial para do DOL)
Nossas ações e reações enquanto mulheres não são apenas resultado de escolhas individuais ou biológicas, mas também são moldadas pela sociedade patriarcal em que vivemos: muitas vezes, nos vemos obrigadas a amadurecer rapidamente, enquanto ainda somos induzidas a manter uma aparência de “doçura”.
À medida que o tempo passa e chegamos à fase adulta, podemos nos encontrar desconectadas de nossos corpos, sem compreender nossas vontades mais íntimas e o que realmente nos proporciona satisfação. Assim, atingir o ápice do prazer, o orgasmo, pode ser uma tarefa ainda mais difícil.
É comum perceber que muitas mulheres não experimentaram o prazer pleno de “chegar lá”. A timidez, a opressão social e até mesmo as restrições impostas por certas religiões podem criar barreiras para que elas expressem seus desejos e necessidades. No entanto, é fundamental compreender que o prazer não é definido pelas expectativas externas, mas sim pela vontade e pelas preferências individuais de cada pessoa. Cada mulher tem seus próprios desejos, fetiches e parafilias, que são válidos e merecem respeito.
Neste Dia do Orgasmo, é essencial ir além de apenas reconhecer a importância dessa sensação em nossas vidas. Devemos também refletir sobre a libertação que o conhecimento e a experiência do prazer proporcionam. É gratificante saber que gozar faz bem para todas nós, e que não há motivo para se envergonhar de buscar o próprio prazer e expressar nossas vontades de forma saudável e consensual.
Para psicóloga Amandda Albuquerque, de Belém, as questões de gênero têm sido apontadas como fatores determinantes na vivência sexual das mulheres, uma vez que a história carrega um peso de repressão aos desejos femininos e priorização das necessidades alheias, resultando em uma inibição do próprio prazer.
A profissional, que atende jovens, mulheres, casais e público LGBTQIAP+, identifica esse fenômeno como uma “castração simbólica da sexualidade feminina, oriunda de sistemas patriarcais, com normas sociais rígidas, crenças religiosas, educação inadequada e leis restritivas, que historicamente afastaram as mulheres da exploração plena de seus corpos. Essas normativas internalizadas ao longo do tempo geraram culpa e vergonha relacionados à busca de conhecimento e exploração do próprio corpo”, explica.
Outro aspecto relevante apontado pela psicóloga é a falta de comunicação aberta sobre sexualidade e o desconhecimento da anatomia e fisiologia do prazer feminino, o que distancia muitas mulheres da busca pelo orgasmo.
COTIDIANO PODE ATRAPALHAR O PRAZER
Para Isabela Rodrigues, psicóloga especializada em terapia de casal e família, foram reveladas algumas das principais dificuldades enfrentadas por mulheres quando o assunto é o prazer sexual.
De acordo com Isabela, a grande maioria das dificuldades encontradas está relacionada ao estresse do cotidiano, à falta de estímulo e à ausência de admiração, o que impacta diretamente na libido feminina. Muitas mulheres se sentem estressadas e cansadas, o que afeta sua vida sexual e pode levar à falta de desejo. No entanto, a psicóloga destaca que o prazer individual também é válido, mas acredita que, como seres sociais, as relações com um parceiro podem proporcionar experiências mais enriquecedoras e prazerosas.
A mudança na mentalidade das mulheres em relação ao próprio desejo é outro ponto destacado por Isabela. Hoje em dia, as mulheres estão mais dispostas a falar e pensar sobre o assunto, mesmo quando estão sozinhas. O tabu que antes envolvia o prazer feminino tem sido desconstruído, permitindo que as mulheres se permitam explorar sua sexualidade e busquem o prazer de forma mais aberta e desinibida.
Isabela ressalta que o caminho até alcançar o ápice do prazer é tão significativo quanto o próprio orgasmo. A jornada até esse momento deve ser prazerosa e enriquecedora, livre de pressões ou expectativas excessivas.
Apesar dos avanços, Isabela aponta que a sobrecarga feminina ainda é um grande obstáculo para muitas mulheres quando o assunto é a vida sexual. A necessidade de estar presente em diversos aspectos da vida, como cuidar dos filhos, cumprir com obrigações profissionais e realizar tarefas domésticas, pode gerar pensamentos ansiosos e impedir que a mulher se entregue completamente ao momento íntimo com o parceiro. Essa sobrecarga social é um dos maiores empecilhos enfrentados pelas mulheres em relação ao prazer sexual.
A psicóloga também enfatiza que o tempo dedicado ao sexo não é tão importante quanto a qualidade da experiência. O envolvimento e a conexão emocional com o parceiro são fatores cruciais para o prazer feminino, permitindo que as mulheres se sintam à vontade e desfrutem plenamente de sua sexualidade.
NÃO SE REPRIMA!
O acesso desigual à informação e recursos, assim como a falta de uma educação sexual de qualidade, contribuem para a dificuldade de muitas mulheres em alcançar o prazer sexual pleno. Questões emocionais, como estresse, ansiedade e autoestima, também são afetadas por essas imposições de gênero, impactando negativamente a resposta sexual das mulheres. Neste processo, fantasias e acessórios podem ajudar.
Ermita Farias, que trabalha há 4 anos como administradora da Loja Olhar de Sedução, destaca a demanda crescente por produtos voltados ao prazer feminino em sua loja.
“Vendemos muitos produtos que auxiliam a alcançar o orgasmo, como gelzinho excitante e vibradores para o ponto G. Também trabalhamos com conteúdos que incentivam as mulheres a quebrarem tabus, e temos grande procura por gel estimulante e produtos relacionados ao ponto G”, revela Farias.
Com base em suas clientes e experiência pessoal, Farias afirma que costuma ter mais prazer com parceiros ou parceiras quando há uso de produtos como cosméticos, fetiche e BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo). Ela ressalta que, antigamente, o tabu em relação a esses assuntos era muito maior, mas atualmente as pessoas estão mais abertas a se conhecerem e buscarem maior prazer em suas vidas.
“As mulheres estão se permitindo mais, conhecendo seus próprios corpos, buscando lingerie, cosméticos e vibradores para alcançarem seu orgasmo e felicidade pessoal. Comparando com quatro anos atrás, percebo que as mulheres estão se abrindo muito mais. Quando vêm à loja, já vêm decididas”, finaliza a empreendedora.
Reportagem de Andreza Alves, especial para do DOL. Andreza é jornalista, mestra em Comunicação pela Universidade do Minho (Portugal) e CEO na agência Chama Comunicação, de Belém do Pará.
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