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— Foto: Bruno Escolastico/Estadão Conteúdo

PL indicar Eduardo Bolsonaro para Comissão de Relações Exteriores na Câmara é ‘crise anunciada’, avaliam ministros do STF

A avaliação de magistrados ouvidos pelo blog é que o deputado pode usar a comissão para tensionar relações próximo às eleições de 2026.

Por Andréia Sadi

Apresentadora do Estúdio i, na GloboNews
 

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ouvidos pelo blog, classificam como crise anunciada a possibilidade do Partido Liberal (PL) indicar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a Comissão de Relações Exteriores na Câmara.

A avaliação de magistrados é que o parlamentar pode usar o cargo para “radicalização” dos discursos e tensionar relações em um período pré-eleitoral, com vistas à disputa de 2026.

A ponderação dos ministros, repassada a políticos, ocorre em meio à provável aceitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. Para eles, Eduardo Bolsonaro vai querer escalar e utilizar a comissão para ampliar sua narrativa de perseguição e mobilizar apoiadores.

Inclusive, se falar bobagem no exterior sobre o assunto, ele pode ser alvo no STF e piorar a situação. Atualmente, Eduardo já é alvo de uma notícia-crime que lhe atribui crimes contra a soberania nacional ao articular reações contra o STF no exterior — o que pode levar a uma possível apreensão do seu passaporte.

Com isso, um dos integrantes da corte diz que o ex-presidente antecipou sua estratégia de defesa — o que chama de “absurdo jurídico”— para tentar criar um ambiente junto a seus apoiadores de que não havia nada de errado em discutir uma minuta de golpe de Estado.

PL deve oficializar indicação nesta semana

Por ter a maior bancada da Câmara, o PL tem direito às duas primeiras escolhas para a presidência de comissões. Eduardo Bolsonaro é o principal nome cogitado para a Comissão de Relações Exteriores, e a oficialização da indicação deve ocorrer até quinta-feira (13).

A situação é comparada por ministros do STF à nomeação de Anderson Torres para a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal após deixar o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. Na época, o governador Ibaneis Rocha minimizou preocupações, mas Torres estava em viagem à Disney enquanto golpistas invadiam a Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Posteriormente, foi preso sob suspeita de omissão.

Processo no STF avança

Paralelamente, o STF segue com a análise da denúncia da PGR sobre a tentativa de golpe de Estado. As defesas dos acusados começaram a apresentar respostas no fim de fevereiro, tendo prazo de 15 dias para protocolar seus argumentos.

Encerrado esse período, o relator do caso deve liberar a matéria para análise do colegiado, que pode ocorrer na Primeira Turma, da qual faz parte o ministro Alexandre de Moraes, ou diretamente no plenário do Supremo.

A primeira etapa do julgamento decidirá se a denúncia será aceita. Se for, o processo penal será aberto, com coleta de provas, depoimentos e interrogatórios. Caso o STF rejeite a denúncia, o caso será arquivado.

A eventual abertura do processo poderá ampliar as tensões no Congresso e no cenário político, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.