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Jornalista do “UOL” vira diretor da Vale para melhorar relação com Lula

Kennedy Alencar, que já foi assessor de imprensa do presidente, foi contratado pela mineradora durante a negociação do acordo de reparação para as vítimas da tragédia de Mariana (MG).

PODER360 28.out.2024 (segunda-feira) – 17h02

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, definiu o nome do jornalista Kennedy Alencar, 57 anos, para o comando da Diretoria de Relações Institucionais da empresa. O objetivo é melhorar o contato da mineradora com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Kennedy é no momento diretor institucional e conselheiro editorial da Rede TV!. Ele comanda na emissora o programa de entrevistas “É Notícia”. Seu entrevistado mais recente foi o jornalista Ricardo Kotscho, que é amigo pessoal de Lula e trabalhou muitos anos com o petista.

Até ser contratado pela Vale, Kennedy atuava também como articulista político do portal UOL (empresa do mesmo grupo do jornal Folha de S.Paulo e do PagBank/PagSeguro). A informação sobre a contratação da mineradora foi publicada pela jornalista Malu Gaspar e confirmada pelo Poder360.

Essa não é 1ª vez que Kennedy sai do jornalismo para uma atividade fora de Redações. Em 1994, trabalhava para a Folha e foi convidado por Ricardo Kotscho, então coordenador de imprensa de Lula, para trabalhar para o petista. Kennedy deixou o jornal e atuou como assessor de imprensa da candidatura a presidente de Lula naquele ano –a disputa foi vencida por Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Em 1994, Kennedy desenvolveu uma relação de proximidade com Lula. Um pouco depois, em meados de 1995, o jornalista voltou a trabalhar para a Folha. É hoje um dos profissionais com mais fontes de informação no petismo.

Ao atuar em Redações, Kennedy sempre produziu reportagens contando bastidores de vários governos, com informações exclusivas.

A escolha do jornalista faz parte de uma série de mudanças que Gustavo Pimenta pretende fazer para apaziguar os ânimos entre a Vale e o Palácio do Planalto. Em janeiro de 2024, Lula quis impor ao Conselho de Administração da companhia o nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência da mineradora.

A reação negativa do mercado financeiro e dos agentes econômicos, entretanto, fez o petista desistir da investida a favor de Mantega. Irritado, Lula começou a citar a Vale com frequência para criticar a mineradora pelo atraso na reparação às vítimas da tragédia de Mariana (MG).

Em entrevista a Kennedy Alencar, na Rede TV! em 27 de fevereiro de 2024, o presidente disse que a mineradora estava “vendendo mais ativos do que produzindo minério de ferro”.

Declarou também que a Vale não pagou pelas “desgraças” causadas pelo rompimento de uma barragem em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. As duas afirmações do presidente estavam imprecisas, como mostrado nesta reportagem do Poder360.

Gustavo Pimenta, 46 anos, assumiu o cargo de CEO da Vale em 1º de outubro. Ele havia sido eleito pelo Conselho de Administração da mineradora em 26 de agosto. A Vale é uma das maiores empresas do setor no mundo. Teve um lucro de R$ 13,6 bilhões no 3º trimestre de 2024.

O movimento de reaproximação com o governo Lula já vinha acontecendo durante o processo de definição do comando da empresa, mas foi acelerado com a chegada de Pimenta. Agora, deve tomar um novo rumo com a chegada de um amigo do presidente para um cargo de diretor na mineradora. Kennedy já passou pelo processo de avaliação dos headhunters da empresa e deve assumir o cargo a partir da 2ª quinzena de novembro.

Antes, ele cobrirá presencialmente as eleições presidenciais dos Estados Unidos para a Rede TV! e para o UOL