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Índice de transparência dos portais públicos no Brasil é de 57,92%

Levantamento realizado por associação de membros de tribunais de contas mostra que o nível médio de transparência é intermediário

PODER360
13.nov.2023

Levantamento realizado pela Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil) e antecipado ao Poder360 mostra que o índice de transparência dos portais públicos brasileiros é de 57,92%. O nível é considerado “intermediário”. A pesquisa foi feita em conjunto com o TCU (Tribunal de Contas da União) e com o TCE-MT (Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso).
O Judiciário tem o maior índice médio geral de transparência entre os Três Poderes, com 78,75%. É seguido pelo Executivo, com 59,49%, e depois vem o Legislativo, com 55,37%. Já os Tribunais de Contas e o MP (Ministério Público) têm altos índices de transparência, com 90,42% e 85,68%, respectivamente.

Os órgãos e entes do Poder são avaliados com critérios específicos, que levam em consideração seu fim e variam em quantidade.

Na avaliação de Cezar Miola, conselheiro do TCE-RS (Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul) e presidente da Atricon, o alto índice de transparência nos portais dos Tribunais de Contas pode ser explicado porque os órgãos de fiscalização precisam “dar o exemplo”.

“Um elemento natural nesse processo foi a compreensão nossa, dos órgãos de controle, que temos a responsabilidade grande de verificar a efetividade da lei, de sermos órgãos de controle de fiscalização. E para ter legitimidade nesse sentido nós precisamos dar o exemplo”, declarou ao Poder360.

Elisa Cecin, integrante do grupo de trabalho de Transparência da entidade, afirmou que essa lógica também se estende ao Judiciário e ao Ministério Público, “que são instituições que exercem o controle externo e também a eles é aplicado outras pesquisas de transparência”.

“A gama de de atuação do Executivo é muito maior em relação aos outros Poderes e órgãos, então, isso acaba dificultando um pouco. É claro que eles também têm uma equipe mais reforçada, mais informação, mas, por outro lado, a nossa pesquisa, de certa forma, exigiu bastante deles”, disse.
A Atricon analisou a transparência ativa (quando os dados são disponibilizados de forma espontânea) de 8.045 portais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas, de Ministérios Públicos e  das Defensorias Públicas das 3 esferas de governo: União, Estados, municípios e do Distrito Federal, além de incluir estatais dependentes e independentes.
A análise considera de 202 a 258 itens de avaliação dos portais públicos e varia de acordo com a natureza da instituição. O Executivo é o ente com a maior matriz de avaliação. A metodologia adotada está prevista em cartilha publicada em julho de 2023. Leia a íntegra do documento (PDF – 7 MB).

De acordo com o índice de transparência alcançado, os sites públicos foram classificados como “diamante”, “ouro”, “prata”, “elevado”, “intermediário”, “básico”, “inicial” ou “inexistente“….
O estudo teve seus critérios de avaliação redesenhados neste ano. Foram ampliados os itens de análise estabelecidos de acordo com a atividade fim de cada instituição e adicionados temas como o atendimento a regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), do Código Tributário Nacional quanto a renúncias fiscais, da Nova Lei de Licitações, dentre outros.
PA E RO = + TRANSPARENTES De acordo com o levantamento, Pará (80,41%) e Rondônia (79,87%) se mantiveram no topo do ranking como os 2 Estados brasileiros com os maiores índices de transparência pública em seus portais públicos. Outras 3 UFs (unidades da Federação) tem patamar superior a 70%:

Minas Gerais: 75,12%; Distrito Federal: 72,52%; Paraná: 71,48%.

Na outra ponta, Bahia (33,79%), Amapá (34,90%) e Roraima (39,50%) foram os mais mal avaliados –todos com índices de transparência inferiores a 40%.

Em 2022, o Espírito Santo figurava em 3º lugar, com 80,12%. Atualmente, está na 9ª posição, com índice de transparência em sites em 64,30%. À época, Maranhão, Amazonas e Sergipe tinham os piores índices. Hoje, ocupam o 11º, 23º e 10º lugares, respectivamente.

Ao analisar os dados a nível municipal e estadual, o presidente da Atricon falou sobre as dificuldades mapeadas pela pesquisa. Mencionou a falta a transparência em municípios de até 10.000 habitantes, que não precisam atender às determinadas obrigatoriedades de transparência ativa da Lei de Acesso à Informação, como a implementação de Portal da Transparência.

“Quando a gente vai verificar os dados e encontra a média da transparência, quem ficou abaixo da média no Brasil foram os municípios menores, sobretudo aqueles com menos de 10.000 habitantes”, declarou.

MPF E PRESIDÊNCIA = + TRANSPARENTES.

O nível de transparência nos sites do MPF (Ministério Público Federal) e e da Presidência da República foram classificados pela Atricon como “ouro” e “elevado”, respectivamente. Têm 88,3% e 75,1% de índice de transparência.

Já Câmara dos Deputados (72%), DPU (Defensoria Pública da União) (70,2%), STF (Supremo Tribunal Federal) (67,1%) e Senado Federal (66,1%) foram categorizados só como “intermediários”.

Dentre as estatais brasileiras analisadas pelo levantamento, os portais públicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são considerados os mais transparentes, alcançando a classificação “diamante” –a mais alta. O banco de fomento federal tem índice de 96,81%.

É seguido pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) (95,3%) e pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) (91,54). Os 3 são os únicos com mais de 90%. Eis abaixo o índice geral e o nível de transparência de outras empresas públicas do país:

Correios: 86,12% (ouro);…

EBC (Empresa Brasil de Comunicação): 85,03% (ouro);…
Caixa: 76% (prata);
Petrobras: 69,81% (intermediário);
Banco do Brasil: 69,37% (intermediário):
Empraba (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): 59,15% (intermediário);
Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba): 58,42% (intermediário)

A ENBPar (Energia Nuclear e Binacional), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, é a única estatal do país com transparência em portais públicos classificada como “inexistente”, ou seja, 0%. Eletronuclear  –subsídiria da ENBPar– e Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados) são as outras duas com os piores índíces: 48,70% e 34,13%

índice de transparência em portais públicos de estatais

(em %)

estataisíndice de transparência
ENBPar (Energia Nuclear e Binacional)0
Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados)34,13
Eletronuclear48,70
Banco da Amazônia52,12
Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre)54,86
Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia)55,19
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)57,09
Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba)58,42
Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil)58,51
Empraba (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)59,15
Codern (Companhia Docas do Rio Grande do Norte)63,94
CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos)64,66
Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa)68,57
Banco do Brasil69,37
EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares)69,61
Petrobras69,81
Transpetro70,38
BB Tecnologia e Serviços71,04
Companhia Docas do Ceará71,86
Emgea (Empresa Gestora de Ativos)73,16
Empresa Gerencial de Projetos Navais73,78
ABGF (Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias)73,88
Companhia Docas do Pará74,04
Casa da Moeda do Brasil74,05
PPSA (Pré-sal Petróleo)74,27
EPE (Empresa de Pesquisa Energética)74,77
Telebras (Telecomunicações Brasileiras)75,8
Caixa Econômica Federal76,00
INB (Indústrias Nucleares do Brasil)76,13
Banco do Nordeste do Brasil77,01
Cagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo)79,69
Autoridade Portuária de Santos82,90
EBC (Empresa Brasil de Comunicação)85,03
Correios86,12
PortosRio87,82
Finep (Financiadora de Estudos e Projetos)87,83
Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social)88,10
Valec89,19
Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária)91,54
Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados)95,3
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)96,81
Fonte: levantamento realizado pela Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil) e antecipado ao Poder360

“MODESTA” MELHORA…

Segundo a entidade de integrantes dos Tribunais de Contas brasileiros, foi registrada uma “modesta” melhoria no nível de transparência dos sites públicos no comparativo com 2022 –quando a pesquisa foi realizada pela 1ª vez, com uma menor gama de critérios analisados no comparativo com a atual edição.

Em portais públicos federais e estaduais, por exemplo, o avanço foi inferior a 1%, com só 0,6% e 0,5%, respectivamente.

No último ano, a transparência em portais públicos brasileiros era de 67,56% –também considerada “intermediária”. À época, o levantamento mostrou que a esfera distrital (77,51%) e a estadual (76,8%) tinham os maiores índices de transparência em seus sites. Os dados constam no Radar da Transparência Pública.

De acordo com a Atricon, o maior avanço (de 47,4%) foi observado na transparência de sites do Executivo federal. O Legislativo do DF teve melhora de 9,1%, enquanto as Defensorias Públicas do país registraram avanço de 8,7%. Eis abaixo o percentual de melhora:

Executivo federal: 47,4%; Legislativo distrital: 9,1%; Defensorias Públicas: 8,7%; Ministérios Públicos: 4,4%; Legislativos estaduais: 3,9%; e Tribunais de Contas: 2,3%.

“Como de um ano para outra pesquisa ficou muito mais difícil. Foram incluídos muito temas, a forma de avaliar foi diferente… aqueles que melhoraram, que tiveram um índice maior de transparência, em relação ao ano passado podemos afirmar, sim, que o portal está realmente melhor. […] Quanto aqueles que estão estagnados ou que tiveram até uma piora é necessário fazer uma análise mais detida para ver o que aconteceu”, afirmou Elisa Cecin.

A integrante do Grupo de Trabalho da Transparência da Atricon também elencou os temas em que os atendimentos melhoraram ou pioraram no comparativo com o levantamento anterior:

  • melhoraram ante 2022: dados sobre receitas e despesas, acessibilidade e informações institucionais;.
  • permaneceram em patamar semelhante: licitações, diárias, contratos.
Segundo ela, determinados aspectos analisados pela 1ª vez, como a LGPD e emendas parlamentares, são menos atendidos do que outros.
“As novidades acabaram ficando com nível de atendimento um pouco mais lá para baixo e os critérios que a gente teve no ano passado já estão mais consolidados, tiveram um nível de atendimento um pouco melhor nesse ano”, disse Ceci