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DESDE 2008

Elmar deve disputar a presidência da Câmara Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Elmar acena a STF, mercado, governo, oposição e planeja lançamento em agosto

Datas que vêm sendo planejadas por seu grupo são 12 de agosto ou 26 de agosto

02/08/2024 às 05:22 | Atualizado 02/08/2024 às 00:37
CNN/BRASIL

O líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, deputado Elmar Nascimento (BA), acelerou durante o recesso parlamentar as articulações políticas para que possa ser lançado em agosto candidato a presidente da Casa com apoio de Arthur Lira (PP-AL).

As datas que vêm sendo planejadas por seu grupo são: 12 de agosto ou 26 de agosto. E coincidirão com a posse dele como líder do maior bloco da Câmara, que reúne União Brasil, Progressistas, a federação PSDB/Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD. Ao todo, esse bloco tem 161 deputados.

Mas é fora da Câmara que Elmar acelerou as articulações neste recesso com acenos a diversos setores.

Nesta semana, por exemplo, fez uma palestra a um grupo grande de investidores em São Paulo no qual apresentou seu ponto de vista sobre as relações em Brasília e o direcionamento que pretende dar à Câmara caso seja eleito presidente da Casa a partir de 2025.

Disse considerar a Câmara uma espécie de poder moderador, com muito protagonismo na agenda nacional e espécie de freio de contenção ante tentativas de retrocessos na agenda de ambiente de negócios.

Referia-se ao bloqueio que o Congresso deu à ideia de setores do governo de retroagir no marco do saneamento aprovado em 2021 e na reforma trabalhista de 2017. Assegurou, ainda, que, se for eleito, não haverá retrocessos nessa agenda que, ao ver dele, favorece o ambiente de negócios no país.

Em outra frente, acenou ao governo — e em especial ao PT — ao intervir em diretórios municipais do seu partido para que o União Brasil apoiasse candidatos de expoentes do governo Lula.

A intervenção ocorreu, por exemplo, no diretório de Cruzeiro do Oeste, controlado pelo deputado Zeca Dirceu, filho de Zé Dirceu; de Santa Maria, reduto do ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta; e no Recife, para que a sigla apoiasse o prefeito João Campos, do PSB, mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. E em São Luís, reduto eleitoral do ministro do Supremo Tribunal Federal Flavio Dino.

Nas contas de seus aliados, ele já tem a maioria no PT.

Uma fonte graduada do PT disse à CNN que ele tem certamente um terço da bancada e que, se for o candidato oficial de Arthur Lira, o partido embarcará praticamente todo na candidatura de Elmar.

Petistas têm relatado o receio de um novo Eduardo Cunha na Câmara, o presidente da Câmara eleito em 2015 contra uma candidatura do Planalto e que acabou liderando o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

O próprio Elmar já alertou ao presidente Lula, segundo seus aliados, de que uma candidatura adversária a dele pode rachar a Câmara e ter consequências imprevisíveis.

União Brasil no comando das duas Casas do Congresso?

Sobre uma das principais críticas a sua candidatura, a de que o União Brasil ficaria muito empoderado porque controlaria a Câmara e o Senado com Davi Alcolumbre, ele tem dito a interlocutores que a solução ajuda o governo Lula, que tem como um dos principais problemas atualmente no Legislativo a falta de entendimento entre Arthur Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Elmar também tem trabalhado com a maior bancada da Casa, e da oposição, o PL de Jair Bolsonaro.

A avaliação dos coordenadores de sua campanha é que as posições do deputado contra o que considera excessos do Supremo Tribunal Federal (STF) — e em especial seu voto a favor da soltura de Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco —, agregaram votos a sua campanha.

Até mesmo o Judiciário entrou no rol de negociações. O pré-candidato já alertou ministros do Supremo Tribunal Federal que pretende levar adiante uma tentativa de conciliação entre Judiciário e Legislativo, que na atual quadra política têm se confrontado nos bastidores.

A ideia de Elmar passada a pelos menos dois ministros da Corte é que o tribunal faça uma lista com os vácuos legislativos para que a Câmara possa avaliar sua deliberação e, assim, evitar que o assunto acabe indo parar no STF.