Sem citar Bolsonaro, carta da Fiesp defende STF e critica ‘slogans e divisionismos que ameaçam a paz’

30 de julho de 2022 at 07:10

O documento afirma que a “estabilidade democrática” e o “respeito ao Estado de Direito” são “condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”

Thais Arbexda CNN

manifesto pela democracia articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) faz uma defesa enfática do papel do Supremo Tribunal Federal (STF) e, sem citar o presidente Jair Bolsonaro, critica “slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento” do país.

“Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvamos, confiantes na vontade superior da democracia. Ela se fortalece com união, reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados”, diz o documento intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça” e obtido com exclusividade pela CNN.

A carta afirma que a “estabilidade democrática” e o “respeito ao Estado de Direito” são “condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”. Segundo o texto, “esse é o desafio maior do Sete de Setembro neste ano”.

A referência à data em que será celebrado o bicentenário da Independência do Brasil acontece no momento em que Bolsonaro convoca seus apoiadores a irem às ruas pela última vez. No ano passado, o Sete de Setembro foi marcado por uma série de declarações do presidente com ataques e ameaças ao Supremo.

A carta da Fiesp, articulada pelo presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, José Alencar, morto em 2011, destaca “o papel do Judiciário brasileiro”, classificando-o “como Poder pacificador de desacordos e instância de proteção dos direitos fundamentais”.

O documento registra, especialmente, a atuação do STF, “guardião último da Constituição”, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “que tem conduzido com plena segurança, eficiência e integridade nossas eleições respeitadas internacionalmente”.

O manifesto faz ainda uma homenagem aos integrantes do Judiciário, ressaltando a “nobre função” que exercem no país, “neste momento em que o destino nos cobra equilíbrio, tolerância, civilidade e visão do futuro”.

A carta termina dizendo que todos os seus signatários “reiteram seu compromisso inabalável com as instituições e as regras basilares do Estado Democrático de Direito, constitutivas da própria soberania do povo brasileiro que, na data simbólica da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, estamos a celebrar”.

O manifesto empresarial será divulgado até o dia 11 de agosto, data em que a Faculdade de Direito da USP realizará um evento em defesa da democracia. Na ocasião, um outro documento, organizado por juristas e intitulado “Carta aos Brasileiros”, que reúne assinaturas individuais, será lido em ato público. A carta tem mais de 440 mil assinaturas até o momento.

Nesta sexta-feira (29), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) decidiu aderir ao manifesto. Em comunicado oficial, a entidade diz que “como representante de alguns dos setores empresariais mais importantes para a economia do país, a Entidade entende que os preceitos democráticos são inegociáveis, tais como o Estado democrático de direito e a lisura do processo eleitoral”. O documento também recebeu o apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.