Possibilidade de impeachment de Bolsonaro tem 54% de aprovação dos brasileiros

27 de abril de 2020 at 15:22

Com informações do El País

Pesquisam apontam 54% de aprovação a abertura de um processo de impeachment.

Pesquisam apontam 54% de aprovação a abertura de um processo de impeachment. | Marcelo Camargo/Agência Brasil

pós a saída do então ex-ministro, Sérgio Moro, que durante coletiva de imprensa fez acusações de que o presidente Jair Bolsonaro estava interferindo politicamente no comando da Polícia Federal. Pesquisas realizadas pela consultoria Atlas Político, apontaram que a maioria dos entrevistados (54%) é a favor de um processo de impeachment contra Bolsonaro.

O presidente vem apresentando queda na aprovação do seu governo desde fevereiro. Principalmente pelo comportamento errático com relação a pandemia do novo coronavírus e o avanço da doença no Brasil e do baixo desempenho econômico nesse período, mas os reflexos da demissão de seu ministro mais popular afetaram diretamente seu capital político: 64,4% responderam que desaprovam seu desempenho enquanto 30% ainda o aprovam.

De acordo com a pesquisa do Atlas Político feita com 2.000 pessoas entre os dias 24 e 26 de abril, a imagem do presidente saiu ferida. A pesquisa, que tem uma margem de erro de dois pontos percentuais, mostra que 68% dos entrevistados discordam da demissão de Valeixo por Bolsonaro, enquanto 72% concordam com as críticas feitas por Moro ao presidente, como a alegação de tentativa de interferir politicamente em investigações da PF.

“Há uma queda sem precedentes da imagem positiva que o presidente tinha na nossa série histórica. Isso se reflete em várias perguntas relacionadas, como a pergunta sobre o impeachment. Pela primeira vez, a gente observa uma maioria a favor num momento em que se começa a discutir mais sobre isso, o que pode criar uma pressão popular sobre o Congresso”, afirma o cientista político Andrei Roman, criador do Atlas Político.

Atlas Político 

As trocas de farpas entre Bolsonaro e Moro trouxeram o assunto impeachment de volta ao debate público. A oposição têm aumentado a pressão na Câmara dos Deputados para que um processo seja iniciado. A Casa já recebeu pelo menos 19 pedidos que acusam o presidente de crime de responsabilidade, sendo oito deles protocolados neste ano. E um vigésimo pedido deverá ser entregue nos próximos dias pelo partido que elegeu Bolsonaro, PSL. Segundo a pesquisa do Atlas Político, 58% das mulheres são favoráveis a um processo de destituição do presidente enquanto entre homens o percentual cai para 49%. 

O presidente no entanto ainda detém forte apoio dos evangélicos, que têm base parlamentar importante no Congresso. 39% são a favor do impeachment e 53% são contra. Entre católicos, por exemplo, esses percentuais são de 59% a favor da destituição e 29% contra ela.

Pela primeira vez, Bolsonaro tem índices de rejeição maiores que o ex-presidente Lula (PT). Ele se elegeu em 2018 com forte discurso de polarização, no qual combatia o petismo. Atualmente Bolsonaro também tem menos popularidade que o ministro da economia Paulo Guedes, cuja aprovação só é menor que a de Mandetta e Moro. Líderes políticos que se colocam como oposição, como por exemplo Lula e Fernando Haddad, não têm crescido em meio à crise. “Você tem todo um desgaste do Bolsonaro, que não está conseguindo ser capitalizado pela esquerda, pela oposição formal ao Governo. O desempenho de Lula e Haddad segue sendo o mesmo. Mas existe o surgimento dessas novas figuras de direita, como Mandetta e Moro, que se colocam fortes competidores para 2022”, analisa Andrei Roman.