PF faz operação para investigar suspeita de desvios na Codevasf

20 de julho de 2022 at 15:49

Suspeita é de desvio de dinheiro público por meio de fraudes em licitações feitas pela estatal, que eram direcionadas para Construservice. Valores não foram divulgados. Agentes apreenderam relógios de luxo e dinheiro em espécie durante o cumprimento de mandados.

Por g1 MA — São Luís

20/07/2022 09h11  Atualizado há 46 minutos


PF realiza operação contra desvios na Codevasf, no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

PF realiza operação contra desvios na Codevasf, no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (20), a ‘Operação Odoacro’, que visa desarticular uma associação criminosa suspeita de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas federais em contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no Maranhão.

Comandada por integrantes do Centrão – grupo de partidos que atualmente dá sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) –, a Codevasf é uma estatal responsável por realizar obras e serviços em estados do Nordeste, do Norte no Distrito Federal.

A Polícia Federal não informou quando foram feitos os contratos sob suspeita. A principal empresa apontada no esquema é a Construservice, que tem como sócio oculto Eduardo Costa Barros, o ‘Eduardo DP’, também conhecido como ‘Imperador’. Ele também é alvo da operação e foi preso

Relógios de luxo encontrados durante a operação 'Odoacro' no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

Relógios de luxo encontrados durante a operação ‘Odoacro’ no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

A operação é realizada em São LuísDom PedroCodóSanto Antônio dos Lopes e Barreirinhas, com 16 mandados de busca e apreensão. Nos locais onde a PF esteve, foram apreendidos relógios de luxo e R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo.

Segundo as investigações da PF, Eduardo comanda um esquema de lavagem de dinheiro realizado a partir do desvio de verba pública, por meio de fraudes em licitações. O mesmo esquema já havia sido descoberto anteriormente em uma operação da Polícia Civil, em 2015, no município de Dom Pedro.

Parte do dinheiro que foi apreendido pela Polícia Federal na operação — Foto: Divulgação/PF

Parte do dinheiro que foi apreendido pela Polícia Federal na operação — Foto: Divulgação/PF

PF faz operação para investigar suspeita de fraudes e desvios de dinheiro público na Codevasf

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PF faz operação para investigar suspeita de fraudes e desvios de dinheiro público na Codevasf

Após a operação em 2015, os policiais federais notaram que o esquema criminoso não somente continuou, mas cresceu nos anos posteriores, alterando a origem da verba desviada, que passou a ser federal.

Na prática, os criminosos criam empresas de fachada e simulam competições durante as licitações, mas com o real propósito de fazer com que a empresa vencedora seja sempre a de Eduardo DP, que possui grandes contratos com a Codevasf: A Construservice.

Polícia apreendeu dinheiro em cofre e outros itens de valor durante a operação — Foto: Divulgação/PF

Polícia apreendeu dinheiro em cofre e outros itens de valor durante a operação — Foto: Divulgação/PF

Contratos com a Codevasf

A estatal recebeu R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares entre 2018 a 2021. A Construservice, do Maranhão, é a segunda empresa que mais firmou contratos com a Codevasf no governo Bolsonaro. Já são R$ 140 milhões já empenhados.

A Construservice já foi alvo de uma operação da Polícia Civil, em 2015, por um envolvimento em um esquema que, segundo as investigações, desviou R$ 100 milhões de 42 prefeituras do Maranhão.

Dinheiro vivo foi apreendido na operação da Polícia Federal no Maranhão — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Dinheiro vivo foi apreendido na operação da Polícia Federal no Maranhão — Foto: Divulgação/Polícia Federal

De acordo com a PF, além de colocar as suas empresas e bens em nome de terceiros, Eduardo DP ainda possui contas bancárias vinculadas a CPFs falsos, utilizando-se desse instrumento para perpetrar fraudes e dificultar a atuação dos órgãos de controle.

g1 tenta contato com Eduardo Costa para comentar sobre as acusações da PF, mas ele ainda não foi encontrado para falar sobre o assunto.

Já a Codevasf afirmou que não teve acesso à decisão judicial que autorizou a operação policial, mas colabora com o trabalho realizado pelas autoridades policiais e proverá suporte integral às investigações. A Companhia disse ainda que mantém compromisso com a integridade de suas ações e com a elucidação de fatos.

Veículos encontrados durante a operação 'Odoacro' no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

Veículos encontrados durante a operação ‘Odoacro’ no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

Ao todo, 80 policiais federais cumpriram as determinações judiciais expedidas pelo 1ª Vara Federal de São Luís. Se confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por fraude à licitação, lavagem de capitais e associação criminosa. Somadas, as penas podem chegar a 16 anos de prisão.

Operação Odoacro

Dinheiro encontrado durante a operação 'Odoacro' no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

Dinheiro encontrado durante a operação ‘Odoacro’ no Maranhão — Foto: Divulgação/PF

A operação foi denominada ‘Odoacro’ em referência ao sobrenome do soldado italiano que capitaneou uma revolta que colocou fim ao Império Romano, visto que um dos investigados pela PF é conhecido como ‘Imperador.’